"Dinis e Isabel, sobre o estrado coberto de colorido tapete mourisco e alteado cerca de palmo e meio sobre o pavimento, presidiam ao sarau, sentados em solenes cadeiras de espaldar (...) tendo ao lado o príncipe sisudo e curioso e a infanta de Castela, sua noiva.
Talhado pelo alfaiate real, esplendia o manto de el-rei de escarlate vermelha de Inglaterra, debruado a ouro e prata de gola emplumada de penas de aves e forrado a pele de arminho.
A figura da rainha impunha-se pela sua majestade. A cabeça resplandecia com os seus cabelos loiros envolvidos em doirada coifa de rede sobre a qual assentava a coroa (...) cravejada de esmeraldas. O manto de escarlate amarela, cor reservada às damas de alta linhagem, preso sobre o ombro com um rico medalhão punha a descoberto a veste de brocado branco bordada a ouro (...).
Os serviçais de copa ofereciam água às mãos que lançavam de jarros com água de rosas sobre bacias de prata."
Reconstituição de um sarau. Desenho de H. Vanez | ||
Os jograis enchiam a sala. Alguns havia que traziam consigo soldadeiras mouriscas e bailadeiras que dançavam de braços erguidos acompanhando a música com passos de bailado, requebros de corpo e serpentear de braços."
Senhor, jogral e soldadeira. Iluminura do séc. XIII. Cancioneiro do Palácio da Ajuda, Lisboa. | ||
Porém, a parte mais nobre do sarau era aquela em que se cantavam e diziam as canções dos trovadores ao som dos instrumentos de corda tangidos com o arco, dedilhados à mão ou elegantemente vibrados com longas penas de aves."
Trovador numa festa do Paço. Iluminura das "Cantigas de Santa Maria", uma colectânea de poesia da corte do rei de Castela Afonso X, o sábio (séc. XIII). | ||
Américo Cortez Pinto, Dionísios, Poeta e Rei
(adaptado)
Fontes:
http://www.ribatejo.com/hp/base/cgi-bin/ficha_quotidiano.asp?cod_quotidiano=4
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