segunda-feira, 30 de junho de 2014

Os 10 melhores poemas de Vinicius de Moraes


Do encontro entre Vinicius e Jobim nasceu uma das mais fecundas parcerias da história da música mundial, marcada por clássicos como “Se Todos Fossem Iguais a Você”, “A Felicidade”, “Chega de Saudade”, “Eu Sei que Vou te Amar”, “Garota de Ipanema” e “Insensatez”.
Na literatura e no teatro Vinicius de Moraes deixou obras-primas, com destaque para a peça teatral “Orfeu da Conceição”, escrita em 1954, baseada no drama da mitologia grega Orfeu e Eurídice. A peça foi transformada no filme “Orfeu Negro”, em 1959, pelo diretor francês Marcel Camus, alcançando repercussão mundial e conquistando a Palma de Ouro no Festival Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Na literatura, foram mais de 10 livros, com destaque para “Forma e Exegese”, “Cinco Elegias” e “Poemas, Sonetos e Baladas”, também conhecido como “O Encontro do Cotidiano”, publicado em 1946, que traz o poema “Soneto de Fidelidade”, que posteriormente seria declamado junto com a música “Eu Sei que Vou Te Amar”.
Sobre o poeta Vinicius de Moraes escreveu Carlos Drummond de Andrade: “Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural. Eu queria ter sido Vinicius de Moraes”.
Vinicius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, e morreu na madrugada de 9 de julho de 1980, aos 67 anos, devido a problemas decorrentes de uma isquemia cerebral.
Os poemas seleccionados foram publicados nos livros “Cinco Elegias”, “Poemas, Sonetos e Baladas”, “Novos Poemas”, “Novos Poemas (II)” “Pátria Minha”, Livro de Sonetos” e “Antologia Poética”.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Pátria Minha

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu…
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda…
Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão…
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
“Pátria minha, saudades de quem te ama…
Vinicius de Moraes.”

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Soneto de Contrição

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma…
E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

Não Comerei da Alface a Verde Pétala

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: deem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

A Rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez… — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Receita de Mulher

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Fonte:
http://www.revistabula.com/1150-10-melhores-poemas-vinicius-moraes/

domingo, 29 de junho de 2014

A Rainha Ginga - História de Angola

A Rainha Ginga



Ginga, a Rainha Quilombola 

Nzinga Mbandi Ngola, rainha de Matamba e Angola nos séculos XVI e XVII é admirada pelos modernos movimentos nacionalistas de Angola como a heroína das primeiras resistências. Tem despertado crescente interesse dos historiadores e antropólogos para a compreensão do momento histórico que caracterizou a sua destreza na resistência à ocupação portuguesa do território angolano e ao tráfico de escravos.
A resistência de Nzinga à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos, usando várias táticas e estratégias que vão desde a conversão ao cristianismo até práticas de guerra, é fonte para a criação de um imaginário que se impôs como símbolo de luta contra a opressão.
Contemporânea de Zumbi dos Palmares, ambos parecem compartilhar de um tempo e de um espaço comum de resistência: o quilombo.
Veja mais em Sanzalangola.com




Mandou decapitar um tio e envenenou o irmão. Dizem que gostava de sentar-se sobre as costas das suas escravas.
Foi baptizada como Dona Ana de Souza, para consolidar um acordo de paz com os Portugueses.
Aliou-se aos holandeses que, com seu auxílio, conseguiram ocupar Luanda entre 1641 e 1648, quando foram expulsos por Salvador Correia de Sá e Benevides.
Liderava pessoalmente as suas tropas e não queria ser tratada por "Rainha", preferia que se dirigissem a ela como "Rei".
Morreu em 1680, com idade muito avançada. Após a sua morte, 7000 mil soldados seus foram levados para o Brasil e vendidos como escravos.

A Rainha Ginga, pintura de Olinda Gil
Fontes:

http://seguindoadiante.blogspot.pt/2008/10/rainha-ginga.html
http://comunidade.sol.pt/blogs/olindagil/archive/2014/06/02/Jos_E900_-Eduardo-Agualusa-lan_E700_a-_2700_A-Rainha-Ginga_2700_-.aspx

Esta Professora Despediu-se para Pintar – Agora Os Seus Quadros Valem Milhões

Este magnifico talento escondido fez com que Layla reflectisse sobre a sua vida. “Eu amava a música e amava ensinar ,” declarou, “mas nunca quis admitir que depois de 25 anos de ensino de música, estava a ficar cansada.”

Era este o dilema que Layla vivia, até descobrir a sua artista interior. Layla recebia um salário estável, dinheiro que ela e o seu marido, Robert, um procurador fiscal, usavam para pagar a faculdade dos seus filhos e para ajudar a suportar um pequeno negócio de vinhos da família.

“Mas de repente, toda a gente, incluindo o meu marido, diziam: 'Ensina em part-time e vê se a arte te pode levar a algum lado.' Mas eu sabia que se queria dar oportunidade à arte, tinha que dar tudo de mim.”

Em 2001, dois anos após pendurar a sua primeira pintura na grande parede branca, Layla deixou o trabalho de professora. “O meu marido disse ‘Eu sinto-me como se estivéssemos no Titanic e tu tivesses simplesmente saltado.’”

Layla ouviu todas as estatísticas assustadoras: Apenas 5% dos artistas ganham dinheiro, apenas 5% do mundo da arte tinha saída. Como é que ela faria parte da excepção desses 5%, escapando à regra dos outros 95% dos artistas sem sucesso, tornando a sua arte num negócio? Primeiro, Layla percebeu que precisava de estabelecer objectivos profissionais: Definiu um deadline de dois anos para tornar isto possível. “Se não for capaz de conseguir ganhar no mínimo o meu salário, volto a ser professora.” Pensou.

Layla vestiu uma velha camisa branca de Robert e começou a trabalhar entre 10 a 12 horas por dia. “Sabem como os corredores falam da sensação fantástica que têm quando terminam a maratona? Quando pinto, sinto sempre essa sensação.”


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Esta alegria resultou numa explosão de criatividade e, em 2 anos, Layla conseguiu pintar mais de 200 obras — abstractas, representações de flores, músicos, mulheres, homens. “Fui inspirada pelo estilo e cores que Matisse utilizava.”

Através do “espalha a notícia” Layla começou logo a vender as suas pinturas, e a ganhar tanto dinheiro quanto ganhava quando era professora. Animada e fascinada com o seu pequeno sucesso, enviou fotografias das suas obras para reputados consultores de arte de Nova Iorque e marcou reuniões. “Estava tão nervosa à medida que subia o elevador de um elegante hotel francês, em Nova Iorque, para ir para uma reunião numa suite com uma estranha, levando um livro de fotografias dos meus quadros. Só conseguia pensar: O quê estou aqui a fazer?” declarou.

A mulher, do género a Meryl Streep no filme “O Diabo veste Prada”,  estudava cada página do livros com uma atenção cuidada, e cruzava as mãos com agressividade e em silêncio, sempre que Layla tentava contar as histórias das suas obras. Quando a consultora fechou o livro, já tinha o seu veredicto:

“É bom. Mas nós não queremos saber.” Foi então que ela deu a Layla o conselho que mudou a sua vida: “Como é que um quadro de Layla Fanucci?” Layla tentou formular uma resposta, mas a consultora calou-a, dizendo: “Para conseguirmos vender as suas obras, elas têm que ter um estilo que ninguém consiga imitar.”

A consultora de arte sugeriu que Layla produzisse mais obras nos próximos 6 meses. Foi uma tarefa difícil, mas que aceitou prontamente. “Senti instintivamente que este processo me iria levar onde eu precisava de estar.”



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Nos dois anos que se seguiram Layla ouvia as novas críticas da consultora sobre as suas novas obras, e voltava para o seu estúdio para fazer novas experiências. Durante todo este processo desenvolveu uma obra única, com o estilo Layla Fanucci, cenários de cidades: Pinta camada por camada de cor em para comunicar o estado de espírito de cada cidade —Nova Iorque, Paris, Veneza, e Roma. Quando a pintura seca, Layla adiciona detalhes arquitectónicos, como prédios e pontes, em seguida, dá vida aos quadros pintando pessoas, movimentos e energias antes de cobrir estes cenários com mais cor. Assim acaba por pintar 3 cidades por cima da primeira, criando textura e profundidade, para quando se olhar de perto, ser possível ver as outras cidades e os detalhes arquitectónicos a sobressair.

Layla comprovou as suas capacidades quando entregou à consultora de arte um original seu, que foi exposto, em destaque, numa galeria de arte em Nova Iorque, sendo-lhe também oferecida uma exposição a solo para as suas restantes obras. No entanto, a consultora avisou-a que se as obras não se vendessem, a carreira artística de Layla terminaria naquela momento.

Surpreendentemente,  nove das suas obras venderam-se em apenas um mês.

Desde então, fez várias exposições e vendeu os seus quadros a coleccionadores de todo o mundo. Os críticos louvam as suas obras, e uma característica das mesmas em particular: a conexão de Layla com a música. “Ela captura os ritmos das grandes metrópoles, o esplendor lírico dos céus e a cacofonia das ruas. E olhando para estes cenários, conseguimos perceber o porquê das pessoas estarem sempre a voltar para estes lugares, como músicas que nunca nos cansamos de ouvir, como se encontrássemos algo de novo nelas.”


Layla vendeu recentemente a sua maior obra de todos os tempos, uma pinta de 9mx14m chamada “City of the World Opus II”, por $100,000, quando um turista visitou a sua galeria online e se apaixonou pelas suas obras. “Num ano, vendi 32 pinturas e ganhei tanto dinheiro como aquele que faria caso tivesse continuado como professora durante 33 anos.

“Bem, todos nós temos talentos escondidos,”declarou Layla Fanucci “Se os descobrirmos, temos que os desenvolver todos os dias e deixa-los florir. Eu penso muitas vezes no que podia ter perdido, senão tivesse desistido de um salário estável e confiável, para seguir a minha paixão.”
Fonte:
http://chiadomagazine.blogspot.pt/2014/06/esta-professora-largou-o-emprego-para.html

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Professores usam arte urbana para ensinarem crianças excluídas


Na Indonésia, um grupo de professores decidiu usar o grafite para ensinar e integrar crianças que vivem nas ruas. A iniciativa tomou forma graças a um grupo de voluntários e tem recebido apoio de vários setores da sociedade indonésia.
Um dos impulsionadores do projeto é Ronny Pratama, diretor criativo de uma agência de publicidade digital.
“Usamos o grafite como um meio para ensinar porque as crianças que andam na rua têm uma relação próxima com o grafite. Essas crianças juntam-se nas esquinas onde há grafites com imagens obscenas e nomes de grupos de rua. Por isso tivemos a ideia de transformar o grafite em algo útil”, explicou o voluntário de 37 anos.
A iniciativa começou no início de 2013. No espaço de um ano, foi possível organizar 20 projetos em vários pontos da capital.
Há milhares de crianças a trabalhar nas ruas de Jacarta. Nur Robiatul abandonou a escola há três anos, é pedinte e vive na rua.
“Estou muito contente por estar com os meus amigos e aprender coisas que eu não sabia, como inglês e cultura, através do grafite” disse a menina.


Fonte:
http://pt.euronews.com/2014/06/13/professores-usam-arte-urbana-para-ensinar-criancas-excluidas/

Como desenvolver a inteligência emocional do seu filho?

Antes de mais nada, é preciso ter em mente que uma criança emocionalmente saudável não é aquela que não chora, se frustra ou se irrita, mas aquela que aprimora, constantemente, a compreensão sobre as próprias emoções, como explica o psicólogo Marcelo Mendes, da PUC-Campinas (SP).
A habilidade de reconhecer os próprios sentimentos, compreender os dos outros e saber lidar com eles é o que a psicologia chama de inteligência emocional (QE) – e ela é tão importante quanto o quociente de inteligência (QI), porque confere a serenidade e o discernimento necessários para que as funções cognitivas trabalhem plenamente. Ou seja, de nada adianta seu filho ser um génio se ele não souber lidar com as críticas, por exemplo. Veja cinco pontos-chave para desenvolver a QE no seu filho:
Vínculos afectivos e efectivos: Até os laços familiares exigem empenho e manutenção para se firmarem. Isso significa estar ao lado, acompanhar (e não apenas cobrar), achar o equilíbrio entre intenso e sereno. Mesmo ao mais ocupado dos pais, não pode faltar o momento de conversar, orientar, pegar na mão, olhar nos olhos e entender as angústias. Isso vai contribuir para que o seu filho se sinta seguro e saiba que pode contar com você.
Autoestima: Dizer, o tempo todo, que a criança é a mais linda do mundo não vale muito. Autoestima de verdade tem mais a ver com permitir que ela se sinta segura, arrisque-se mais e confie no próprio potencial, sem depender das opiniões alheias. O elogio é válido desde que seja pertinente. “Em vez de elogiar a capacidade, parabenize o esforço. Aí, sim, a criança será motivada a sempre superar a si mesma.” Isso quer dizer que frases como “Parabéns, você conseguiu terminar a lição” são muito melhores do que “Como você é bom em matemática!” , diz a psicopedagoga Quézia Bombonato, da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
Resiliência: Está relacionada à capacidade de lidar com problemas e superar obstáculos. Uma revisão de estudos da Universidade da Pensilvânia (EUA) descobriu que equipes escolares preocupadas em ensinar resiliência e otimismo no dia a dia protegem as crianças contra a depressão, aumentam a satisfação com a vida e melhoram a aprendizagem. O exercício dessa habilidade depende da interação com o outro, ao fazer com que a criança entenda que nem sempre tudo vai acontecer como deseja. Às vezes, é preciso esperar, outras, é necessário ceder ou recuar.
Frustrações: Uma boa dose delas dá ao seu filho algo importante: choque de realidade. Não ganhar um brinquedo ou perder um jogo podem fazê-lo sofrer, mas são ótimos ensaios para as situações que precisará enfrentar mais para a frente, quando se deparar com um “não”. Saiba que ele vai se decepcionar e chorar. Mas também vai aprender. Além de dar a negativa, você precisa fazer com que ele entenda o porquê. Assim, vai adquirir uma consciência crítica e a proibição se traduzirá em aprendizado. E se vier a birra, ofereça apoio e afeto. Verbalize que ele está chorando porque sente raiva ou está decepcionado, mas que tem de lidar com isso.
Brincadeira (muita!): Toda angústia ou receio que incomoda seu filho e ele não sabe expressar pode ser manifestado de forma espontânea no ato de brincar. É pela diversão, principalmente coletiva, que se desenvolve o senso de competência, de pertencimento, o controle da agressividade e o bem-estar. “O brincar e a arte são formas de expressão que possibilitam elaborar situações do cotidiano, externando sentimentos”, explica Adriana Friedmann, antropóloga e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento (SP). Quando uma criança brinca de casinha e se põe no lugar da mãe, tem a chance de refletir sobre as ações e características do imitado. Ao interagir com outras crianças, aprende a respeitar a opinião do outro, descobre que existem regras e que nem sempre tudo será do jeito dela.
Fonte:

http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2014/06/5-pilares-para-o-seu-filho-desenvolver-inteligencia-emocional.html

A Estátua da Liberdade chega a Nova Iorque

17 de Junho de 1885: A Estátua da Liberdade chega a Nova Iorque


O navio francês Isère, partindo do porto de Rouen em Abril de 1885 chega dois meses mais tarde, no dia 17 de Junho, a Nova Iorque, tendo a bordo a estátua chamada de “A Liberdade iluminando o mundo”, símbolo da amizade entre os Estados Unidos e a França desde a independência norte-americana. Esta estátua de bronze de 46 metros de altura é obra do escultor Frédéric Auguste Bartholdi, a sua estrutura de ferro foi concebida por Gustave Eiffel, construtor da Torre Eiffel. O pedestal, a cargo dos norte-americanos, não estando ainda acabado, levou a que a estátua só fosse inaugurada em Outubro de 1886.

Originalmente conhecida como “A Liberdade Iluminando o Mundo”, a estátua foi proposta pelo historiador francês Edouard Laboulaye para comemorar a aliança franco-americana durante a Revolução Americana. Desenhada pelo escultor francês Frederic Auguste Bartholdi, tem a forma de uma mulher com o braço direito erguido empunhando uma tocha. Em Fevereiro de 1877, o Congresso em Washington aprovou a utilização de um local na ilha de Nova Iorque, Bedloe, que havia sido sugerido por Bartholdi.

Em Maio de 1884, a estátua foi terminada nos ateliers franceses e três meses depois os norte-americanos lançaram a pedra fundamental do pedestal em Nova Iorque. As diversas partes de bronze da estátua foram sendo montadas e a última  foi ajustada em 28 de Outubro de 1886, pouco antes da cerimónia de inauguração a cargo do presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland.


No pedestal há uma inscrição "The New Colossus," um famoso soneto da poeta norte-americana Emma Lazarus que dá as boas vindas aos imigrantes que chegavam de todas as partes do mundo que assim dizia: "Give me your tired, your poor, Your huddled masses yearning to breathe free, / The wretched refuse of your teeming shore. / Send these, the homeless, tempest-tossed to me. / I lift my lamp beside the golden door." 

Seis anos depois, a ilha Ellis, adjacente à ilha Bedloe, abriu como a estação central para a entrada de imigrantes nos Estados Unidos. Nos 32 anos que se seguiram mais de 12 milhões de imigrantes foram recebidos no porto de Nova Iorque sob as vistas da ‘senhora liberdade”. Em 1924, a Estátua da Liberdade foi consagrada como monumento nacional.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)


Projecto patenteado por Frédéric Auguste Bartholdi 
A construção do pedestal
Pormenor da cabeça da estátua
 Fonte:
http://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2014/06/17-de-junho-de-1885-estatua-da.html?spref=fb

terça-feira, 17 de junho de 2014

Eiffel, o engenheiro do ferro no Palácio da Bolsa



O famoso engenheiro francês, que entre 1875 e 1877 viveu em Barcelos, teve um gabinete no Palácio da Bolsa, no Porto, de onde acompanhou a obra da Ponte Maria Pia. A sala está agora aberta ao público.

Daquela janela vê-se o tabuleiro superior da Ponte Luís I. Estamos no palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto, numa pequena sala que esta segunda-feira foi reaberta ao público e que terá sido, durante dois anos, gabinete de trabalho de Gustave Eiffel. Se fosse hoje, o homem que ali trabalhou talvez não gostasse tanto da vista que deslumbra os turistas. A ponte Luis I foi feita pela firma de um ex-colaborador com quem, em 1879, disputou, e perdeu, o concurso para a sua concepção e construção.
Gustave Eiffel viveu em Barcelinhos, entre 1875 e 1877 e deixou várias obras no país, de Viana a Olhão, passando por Barcelos, Esposende, Alijó e, entre outros concelhos, o Porto, onde a sua firma concebeu e construiu a Ponte Maria Pia, que em 1876 permitiu a ligação ferroviária entre Lisboa e o Porto. A travessia que ficou nas bocas do mundo por ostentar o maior arco em ferro até então construído, foi projectada por um dos melhores engenheiros da sua firma, Théophile Seyrig. Que pouco tempo depois estava a trabalhar por conta própria e a disputar mercado ao próprio Eiffel.
Foi o que aconteceu com a Ponte Luís I. Enquanto trabalhava naquele gabinete voltado para a Ribeira, Eiffel tinha proposto um desenho para uma ponte sobre o Douro na localização da ponte pensil. O desenho está na posse da ACP, que a expôs nesta sala, mostrando um tabuleiro inferior levadiço, para passagem dos grandes veleiros que então aportavam na cidade e um belíssimo arco que funcionava também como ligação entre margens à cota alta. O projecto não foi aceite e, em 1879, aberto um concurso, Eiffel concorreu com outras firmas e perdeu para a empresa de Seyrig.
A derrota não beliscou a fama do autor da Torre Eiffel. O Palácio da Bolsa estava ainda em construção quando ele se instalou ali e, em 1880, a sua empresa chegou a fazer um orçamento para a imensa clarabóia do Pátio das Nações do edifício. A carta, propondo um preço de catorze contos e 200 mil reis, está também exposta no seu gabinete, juntamente com uma outra, escrita dois meses mais tarde, em que um seu colaborador insistia, a partir de França, perguntando qual fora a decisão da Associação Comercial do Porto sobre esta empreitada. Esta não lhe foi favorável e a obra – que há pouco tempo foi alvo de um minucioso trabalho de restauro – acabou por ser realizada por Tomás Soller.
O gabinete de Eiffel é um dos novos motivos de interesse do Palácio da Bolsa, um dos monumentos mais visitados do Porto e que em 2014, seguindo uma tendência que vem de anos anteriores, já viu, até Maio, o número de turistas aumentar 7%. Os franceses são quem mais visita o imponente edifício da Zona Histórica e já esta segunda-feira era visível que o gabinete de um dos mais famosos engenheiros do mundo vai ser motivo de conversa entre os seus conterrâneos. Bastou que vissem a placa à entrada do pequeno compartimento onde se encontra apenas um aparador com uma máquina de escrever e um selo branco, uma escrivaninha e alguns quadros nas paredes.
Fonte:
http://www.publico.pt/local/noticia/eiffel-o-engenheiro-do-ferro-no-palacio-da-bolsa-1650578#/0

domingo, 15 de junho de 2014

10 maneiras de preparar as novas gerações para o século XXI

1- Consciencializar adultos e crianças sobre o impacto das emoções em decisões
Infelizmente, os adultos de maneira geral não têm consciência da importância e do impacto que as emoções têm no quotidiano.  Querendo ou não elas interferem nas nossas decisões e influenciam o nosso futuro. Aprender o b-a-ba das emoções é como se alfabetizar para a vida.
Conhecer a enorme gama de diferentes sentimentos, dar-lhes nome, controlar as emoções e ser capaz de perceber os sentimentos das outras pessoas é a base para todas as relações humanas.
Muitas escolas já trabalham algumas questões emocionais, mas isso acontece sem um objectivo claro e sem necessariamente integração com situações da vida real. Campanhas sociais, acções variadas e programas educacionais em escolas públicas e privadas são maneiras de criar essa consciência nas pessoas. Uma iniciativa de sucesso é o programa Ruler, da Universidade de Yale, que actua em várias escolas no Canadá, Austrália, Inglaterra e Estados Unidos.

2- Estimular o brincar
 Sabia que brincar tem um objectivo? Stuart Brown, psiquiatra e fundador do National Institute for Play, se dedica há anos à importância do brincar. Ele estudou o impacto da privação do brincar em criminosos em série e o papel do brincar em diversas espécies animais.
Conclusão: brincar tem uma função biológica e social de sobrevivência. Os animais predadores brincam de lutar e de observar um ao outro, capacidades fundamentais na hora da caça. As crianças brincam para ensaiar habilidades que serão necessárias na vida adulta. Ao brincar elas exercitam a comunicação e aprendem a diferença entre a brincadeira amigável e o bullying. Além disso, elas usam o corpo, se arriscam, resolvem problemas de forma criativa, controlam as emoções e respeitam as regras do jogo. Essas características desenvolvidas através do brincar são a semente do comportamento inovador tão importante actualmente. Brincar é o berço da inovação. Mais do que nunca, estamos carentes de tempo e espaços para brincar, não só na infância, mas na vida adulta também.
“Brincar desenvolve os nossos músculos e habilidades sociais, fertiliza a actividade cerebral, aprofunda e regula as nossas emoções, nos faz perder a noção do tempo e proporciona um estado de equilíbrio.” (Stuart Brown-American Journal of Play).

3- Educar para sustentabilidade 
Grandes desafios ambientais estão por vir. Por isso, não basta ensinar as crianças a reciclar o lixo, a economizar água e a cuidar do meio ambiente. Tudo isso é muito importante, mas é fundamental ajudá-las a formar uma mentalidade sustentável. Ou seja, uma maneira de ver o mundo em que todas as decisões e atitudes diárias tenham na sua essência a noção de durabilidade, de aproveitamento de recursos e de resíduos, de cooperação entre as pessoas, de senso de comunidade e de transparência nas relações. Conceitos como economia circular e consumo consciente devem ser ensinados desde cedo nas escolas.
Um óptimo exemplo é a proposta da Sandal Magna School na Inglaterra. Além de inserir no currículo escolar as noções de sustentabilidade, a escola oferece também um ambiente físico todo planeado de forma sustentável. Ela é considerada uma das escolas com maior eficiência de carbono na Inglaterra e recebeu o prémio de arquitetura Riba Awards (The Royal Institute of British Architects, em inglês), um dos mais rigorosos e conceituados da Inglaterra.
4 -  Investir na primeira infância
Prevenção e intervenção precoce. Essas são as palavras-chave para evitarmos problemas futuros e formarmos cidadãos saudáveis e capazes de tomar decisões adequadas para a nossa sociedade. Por exemplo, uma criança que é diagnosticada precocemente com um transtorno no desenvolvimento pode ser tratada antes que suas dificuldades se cristalizem. Assim, ela terá muito mais probabilidades de se tornar um adulto produtivo.
É fundamental a criação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de serviços médicos, psicológicos, educacionais e culturais de qualidade voltados para a primeira infância. Investimentos nesta fase podem gerar uma reação em cadeia que fomenta ganhos econômicos e de capital humano durante todo o ciclo de vida.

5 – Construir cidadania digital
“Cidadania Digital é o uso responsável e apropriado da tecnologia” (Mike Ribble-autor de “Raising a Digital Child”).
Cultura digital é um direito de todos, mas isso envolve responsabilidade. Portanto, as novas gerações precisam aprender a viver e a trabalhar nessa nova era de maneira ética e segura. É urgente a criação de programas escolares voltados para o uso adequado da tecnologia. Crianças e adolescentes precisam ter consciência dos riscos do universo digital e do impacto das informações publicadas na internet na vida deles.
Além disso, é importante que as novas gerações não só saibam utilizar as novas tecnologias, mas também conheçam a lógica dos computadores. Assim, estaremos formando cidadãos com mais autonomia digital e controle para criar ferramentas adequadas às necessidades do nosso mundo.
Está a crescer o número de iniciativas que incluem o ensino de programação nas escolas para promover a alfabetização digital.
Entender como funcionam os computadores transcende a área tecnológica e ajuda a compreender o mundo em que estamos vivendo. Com cautela, é possível introduzir o mundo da programação através de uma linguagem lúdica e adequada às capacidades cognitivas das crianças.
O governo da Inglaterra, por exemplo, decretou que a partir de setembro de 2104 será obrigatório o ensino de programação em todas as escolas públicas do país para crianças e adolescentes de 5 a 16 anos.
6 – Repensar o ambiente físico escolar
Que tipo de ambiente escolar favorece o desenvolvimento das habilidades para o século XXI? Espaços amplos, versáteis e com móveis modulares estimulam a colaboração e a interacção entre os estudantes e professores. Inovadores educacionais não usam tanto a palavra “sala de aula” e sim “ambientes de aprendizagem” ou “estúdios de aprendizagem”. A mudança na arquitetura das escolas reflecte a transformação do conceito de ensinar e aprender.
A existência de espaços individuais aconchegantes, chamados “caves”, favorecem a concentração nos momentos em que o aluno preferir aprender sozinho. O novo ambiente escolar oferece diversas formas de aprender.
Escolas como o Projeto Gente, no Rio de Janeiro, e a New Line Learning Academy, na Inglaterra, incorporaram essas mudanças físicas para atender as novas demandas de aprendizagem.

7- Capacitar professores
 Professores e educadores no mundo todo estão sendo cada vez mais desafiados. Eles se encontram na linha de frente da educação, tendo de lidar com um quotidiano escolar difícil, cansativo e pouco valorizado. E agora precisam ainda se adaptar às novas tecnologias e usá-las de forma sensata e integrada ao contexto de cada escola.
Mais do que nunca, os professores necessitam de programas de capacitação para incorporar as novas práticas no quotidiano escolar.
8 – Informar os adultos sobre a revolução na educação
 Ainda há uma falta de informação significativa por parte dos adultos sobre a revolução que está acontecendo na educação ao redor do mundo. Profissionais de diversas áreas, mesmo muito qualificados, muitas vezes nunca ouviram falar nas mudanças pelas quais os sistemas escolares estão passando. Essa situação é preocupante, pois são os adultos que vão contribuir para que essas mudanças se consolidem. Campanhas e acções criativas serão muito bem vindas para informar os adultos sobre as novidades na área da educação.

9 – Proporcionar educação financeira aliada às emoções
 Muitas pessoas chegam à vida adulta sem nenhuma preparação para se organizarem financeiramente. Isto porque lhes faltou um ensino mais estruturado sobre gestão financeira nos anos escolares. Mais ainda, faltou considerar as emoções na hora de lidar com dinheiro.
Ensinar uma criança a planear os seus gastos, a ter metas financeiras, a economizar e a ficar longe de dívidas é fundamental. Mas junto com tudo isso é necessário ensiná-la também que sentimentos como  ansiedade, preocupação e culpa acompanham e influenciam directamente cada decisão ligada ao dinheiro. Aprender a controlar esses sentimentos previne inúmeros problemas financeiros ao longo da vida.

10 – Criar programas educacionais com foco nas habilidades sócio emocionais
Muitas escolas já incorporam no seu dia a dia debates sobre empatia, colaboração e criatividade. Porém, ainda não há um foco no desenvolvimento das competências para o século XXI. Os protagonistas escolares ainda são as matérias tradicionalmente avaliadas nos testes.
O ensino das habilidades socioemocionais deve acontecer de forma integrada ao currículo escolar. Ou seja, os professores podem aproveitar situações do quotidiano para abordar essas capacidades e ao mesmo tempo ensinar conceitos de física, matemática, história e português. O uso de projectos pode ser muito eficiente para integrar diversos aspectos ao redor de um único tema.
Pesquisas e iniciativas importantes em alguns países já comprovaram que estas habilidades melhoram a aprendizagem e se tornam tão importantes quanto o conhecimento das matérias tradicionais.
Os Estados Unidos estão a incluir programas em larga escala que desenvolvem as capacidades não cognitivas nas escolas .
Por exemplo, o Institute for Social and Emotional Learning oferece programas para várias escolas ao redor do mundo.
É importante ressaltar que programas como estes precisam nascer a partir das necessidades de alunos e professores. Portanto, a participação deles na criação de novas formas de ensinar e de aprender é essencial.
Precisamos de uma mentalidade aberta para abraçarmos todas estas novidades e possibilidades. E de uma visão crítica para avaliarmos quais opções nos servem melhor.
Com o tempo toda esta diversidade de possibilidades de aprender, ensinar e trabalhar serão incorporadas em nosso dia a dia de forma mais natural.


Fonte:
http://porvir.org/porpensar/10-maneiras-de-preparar-novas-geracoes-para-vida/20140613