terça-feira, 27 de agosto de 2013

Os Retornados Mudaram Portugal

Em 1980 tivemos Os Retornados Estão a Mudar Portugal. Agora, um novo trabalho: Os Retornados Mudaram Portugal.
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OS RETORNADOS MUDARAM PORTUGAL é uma importante síntese dos reflexos causados na sociedade nacional pelo trágico regresso dos portugueses residentes em África nos anos de 1974 e 1975, naquele que constituiu um dos êxodos mais trágicos do Ocidente.
Quase quatro décadas depois, muitas centenas de milhares de portugueses continuam a carregar esse sentimento de amputação, essa saída forçada de uma terra que consideravam sua. Como conseguiram vencer, integrar-se numa sociedade que os olhava com desconfiança e os recebeu com hostilidade? Continuam a trazer África no coração? Esta obra de Fernando Dacosta é porto de abrigo para essas e muitas outras inquietantes perguntas, uma voz dá voz às frustrações, aos anseios, às carências de milhares de outras vozes.

OS RETORNADOS MUDARAM PORTUGAL é uma obra de leitura obrigatória para se compreender a sociedade portuguesa actual.


Os retornados mudaram Portugal
Fernando Dacosta


Ninguém sabe ao certo quantos são. Alguns referem oitocentos mil, outros um milhão e meio. Vieram por barcos e por aviões, golfados em caudais intermináveis de desespero e desamparo. Imobilizaram-se ao frio, ao pudor, ao cansaço. O eco do seu êxodo, sem bíblia nem Israel, condoeu então o mundo. O velho império português retomava cabisbaixo, naufragado, às praias de onde, cinco séculos atrás, partira para uma epopeia de façanhas imorredoiras.

Refeitos os bocados de cada um, ergueram-se e atiraram-se em frente. Chegaram, em pequenos
grupos, a todo o país; e em pequenas ocupações, a todos os sectores. Como novos bandeirantes, colonos uma vez mais, foram para o interior carregando cóleras e pânicos, vinganças e ousadias.
A sua raiva foi a sua força; a anti-fé fê-los mover montanhas, dominar medos, vencer a loucura e o
desamor. E dar provas espantosas de coragem, de persistência, de engenho de invenção. Com ajudas de instituições, de subsídios, de empréstimos, de amigos, começaram a fixar-se e a transformar os locais onde se detiveram.
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