terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Guerra das Laranjas e a perda de Olivença

A GUERRA das LARANJAS demonstrou a posição subalterna de Portugal no cenário político europeu já naquele período histórico.





D. JOÃO VI de PORTUGAL
(1767 - 1826)
Cognome: O Clemente

 

Nos fins do século XVIII, a explosão do processo revolucionário francês atingiu vigorosamente as relações políticas entre as monarquias europeias. No caso de Portugal, as lutas contra os insurgentes franceses foram inicialmente evitadas com a assinatura de um termo de neutralidade.

Entretanto, assim que a França invadiu a Espanha, a posição lusitana foi abandonada por conta de um tratado de cooperação militar anteriormente assinado com os hispânicos.

De facto, o avanço francês contra os espanhóis durou pouco tempo e fora resolvido com um novo tratado de cooperação.

A partir desse momento, os portugueses eram pressionados pela Espanha a aliar-se também à França. Entretanto, a Inglaterra, nação que exercia forte influência económica em Portugal, lutava contra os exércitos revolucionários franceses e exigia que o governo português manifestasse apoio ao direcionamento britânico,
enquanto Bonaparte e o rei de Espanha, impunham ao príncipe regente (futuro D. João VI) que este abandonasse a aliança com a Inglaterra e abrisse os portos aos navios franceses e espanhóis.

Portugal não aceitou essas condições, e o desconforto da situação acabou dificultando a negociação de um tratado de neutralidade que atendesse as demandas de Portugal. Sem alternativas melhores, o governo lusitano organizou diversas tropas que esperavam uma vindoura invasão franco-espanhola aos seus territórios.

Contudo, entre 1799 e 1800, algumas vitórias dos exércitos antirrevolucionários, deram a Portugal a falsa impressão de que a guerra seria evitada em pouco tempo.

Precisando encurtar os gastos militares e liberar os soldados para o trabalho agrícola, o governo português resolveu diminuir os contingentes até ali empregues para uma possível guerra. Notando o recuo, os britânicos também decidiram deslocar os contingentes militares mantidos em Portugal.

Com a saída britânica de seu território, os portugueses acreditavam que a neutralidade seria finalmente reconhecida.




Caricatura inglesa de autoria de Charles Williams (publicada a 22 de Julho de 1801) onde se satiriza Godoy, denominado Príncipe da Paz mas armado até aos dentes, forçando os portugueses a assinarem a paz de uma guerra que tinha ele iniciado...
Tendo como pano de fundo uma fortaleza ardendo, Godoy, protegido por soldados espanhóis prontos para dispararem, obriga dois portugueses a assinarem o tratado de paz que se encontra debaixo do seu pé direito. Ironicamente, a ponta da espada crava o mesmo documento precisamente no sítio em que se encontra o seu título: Príncipe da Paz. Godoy, que empunha dois mosquetes, tem no cinturão quatro pistolas e uma faca atravessando o seu chapéu, diz: “Vá, Senhor, rápido, ou passarei todo o país à espada. Homens, mulheres e crianças, não pouparei ninguém! Recordai que sou o Príncipe da Paz”. Ao que lhe responde um dos portugueses ajoelhados: “Por amor de Deus, detenha esta efusão de sangue, que já bastam três cidades destruídas. Os gritos e choros obrigam-me a... sim, eu o reconheço como sendo o Príncipe da Paz”.

 
Contudo, em fevereiro de 1801, a saída dos embaixadores espanhol e britânico de Lisboa reavivou o temor da guerra entre os portugueses. Poucos dias depois, os espanhóis enviaram uma declaração de guerra a Portugal. Mesmo com a confirmação oficial, os lusitanos ainda desconfiavam da eminência do combate, já que, nos três meses seguintes, nenhuma tropa hispânica avançou contra o território português.
 
Na verdade, a demora dos espanhóis era fruto de uma complicada negociação que os diplomatas daquele país desenvolviam com as autoridades inglesas e francesas. No fim dos diálogos, a Espanha viu que o apoio à França, renderia a conquista de alguns territórios lusitanos de grande interesse.

Com isso, em maio de 1801, os espanhóis iniciam a «Guerra das Laranjas», vencendo facilmente as impreparadas tropas lusitanas comandadas pelo velho duque de Lafões, perdendo as praças de Olivença, Campo Maior, Arronches, Portalegre e Castelo de Vide.
" Portas de Olivença"
Lado sul das muralhas


Os portugueses, pelo seu lado, invadiram a Galiza e fizeram também algumas conquistas, que vieram depois a entregar quando foi assinada a paz de Badajoz, a 6 de Junho do mesmo ano. Quanto à Espanha, entregou a Portugal todas as praças alentejanas, com exceção de Olivença que ainda hoje se mantém em poder daquele país.

Durante a conquista dos territórios do Alentejo, o ministro hispânico Manuel Godoy pediu para que as tropas de seu país recolhessem alguns exemplares das finas e suculentas laranjas daquela região.


MANUEL GODOY
Duque de Alcudia
Retrato a óleo sobre tela da autoria de Francisco Goya
A intenção do estadista era utilizar as iguarias como um delicado presente para a rainha Maria Luísa [no fundo, um troféu de guerra], com quem mantinha um ardente caso amoroso conhecido por toda a Espanha.
Foi por meio desse pequeno detalhe, que o conflito acabou ganhando este curioso nome.
 
Fontes:
 

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