sábado, 7 de dezembro de 2013

Mapa Etno-Musical - Viagem a Portugal através da música


De nota em nota, de instrumento em instrumento, de voz em voz, calcorreando o país através das suas tradições musicais. Na bagagem segue o Mapa Etno-Musical, um projecto no âmbito do Instituto Camões e coordenado pelo músico Júlio Pereira. Aqui, os caminhos fazem-se no virtual, conhecendo as sonoridades de Portugal de Norte a Sul, sem excluir os arquipélagos dos Açores e Madeira.



Mapa Etno-Musical português é o nome da iniciativa que pretende guardar para a posteridade, acessivel a todos os interessados, uma parte da música tradicional portuguesa. O projecto, depois de 20 anos de existência em formato papel, ganha agora vida na Internet, através da iniciativa do Instituto Camões (IC).

O músico Júlio Pereira, mentor do projecto, desenhou como capa de disco, que editou no início dos anos 90, um mapa de Portugal, decorado com os instrumentos tradicionais portugueses. Os sons destes instrumentos ganhavam vida no disco, interpretados pelo músico.

Duas décadas passaram e o mapa do país «jardim da Europa à beira mar plantado», como poetizou Tomás Ribeiro, político, publicista, poeta e escritor no período ultra-romântico português, no final do século XIX, foi aperfeiçoado e adaptou-se à geração das novas tecnologias.

Mapa Etno-musical, que continua a existir em papel, está alojado na página online do Instituto Camões. O sítio da Internet mostra-se como um espaço interactivo, um desafio à exploração com as colunas do computador ligadas. Júlio Pereira, autor da iniciativa, em conversa com o Café Portugal, sublinha que o trabalho não pretende ser académico. «Eu não sou musicólogo. O objectivo é revelar curiosidades de forma rápida e que chegue a toda a gente, sem deixar de ser rigoroso», confessa.

Com uma carreira de 30 anos, Júlio Pereira cresceu rodeado pelas notas musicais. Aos sete anos o pai ensinou-o a tocar bandolim. Cresceu e o rock que «não tem nada a ver com bandolim», ganhou espaço, comenta divertido, Júlio Pereira. Contudo, o encontro com certas pessoas no percurso profissional de Júlio Pereira fizeram o músico deslizar, «naturalmente», como gosta de referir, para os sons tradicionais portugueses. Uma obra que o jornalista João Luís Oliva (responsável pela redacção no presente projecto) descreveu em certo momento como «um trabalho de recuperação renovadora dos sons dos instrumentos tradicionais ‘quase perdidos’». «Não estão perdidos e continuam a ser tocados», assegura Júlio Pereira, referindo mesmo que «andamos com uma ideia errada do que se passa pelo país».

Começamos, então, a descoberta neste Mapa-Etnomusical. Um mapa de Portugal povoado de pequenas imagens, todas elas familiares. Nas ilustrações, a cargo de Sara Nobre, vemos ranchos folclóricos do Minho, no Norte ocidental. Mais a oriente os pauliteiros. Descemos e deparamo-nos com os zés-pereiras, o reque-reque e a concertina, sem esquecer os cabeçudos que desfilam muitas vezes ao ritmo destes instrumentos. Rumamos ainda mais a sul, pelo mapa. Este faz uma «divisão geográfica por já desusadas províncias porque pareceu-nos o mais adequado e eficaz, atendendo às particularidades geográficas e sociais de cada região e à permanência dos seus nomes na nossa memória», lê-se na nota introdutória do trabalho. Pelo Baixo Alentejo, conhecemos o tamborilheiro e fogueteiro. Chegamos ao Algarve para ouvir o Leva-Leva, canto entoado pelos pescadores de sardinha, durante a recolha das redes. Antes mesmo de terminar a viagem pelos sons portugueses, voamos até às regiões autónomas, Açores e Madeira.

Cada região é acompanhada por uma descrição, assim como cada som reproduzido é, também ele, acompanhado por uma contextualização onde é explicada a sua utilização, bem como os aspectos físicos. Aproximamo-nos do final de viagem. No regresso trazemos na memória um vasto mundo etno-musical que cabe no pequeno Portugal.
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