quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Morreu o pintor Nadir Afonso, mestre da abstracção geométrica


Nadir Afonso, que foi um dos introdutores da abstracção geométrica em Portugal, pintou até ao final da sua vida.
“É um dos pioneiros da abstracção geométrica em Portugal, juntamente com Fernando Lanhas e Joaquim Rodrigo. Fazem parte da primeira geração que procurou resgatar no país um verdadeiro processo modernista que ficou sempre adiado depois da morte de Amadeo de Souza-Cardoso”, diz Pedro Lapa, director do Museu Berardo, em Lisboa.
Nadir Afonso morreu nesta quarta-feira, pouco depois de fazer 93 anos, no Hospital de Cascais, disse à agência Lusa a família.
Após ter vivido a infância em Chaves, onde nasceu a 4 de Dezembro de 1920, Nadir Afonso mudou-se para o Porto, onde foi estudar Arquitectura em 1938 na Escola de Belas-Artes. Estudou também em França, na Beaux-Arts de Paris, onde chega em 1946.
Foi da sua geração a figura que mais frutos colheu dos contactos com a vanguarda internacional: “Viveu em Paris. Trabalhou com Le Corbusier, foi colega do [compositor] Xenákis, que também foi arquitecto, foi amigo e colega de Vasarely. Também trabalhou com o Niemeyer em São Paulo. Expôs na Galeria Denise René, centro das vanguardas construtivistas do pós-guerra em Paris.”
À Lusa o pintor Júlio Pomar recordou o "mito" e o "homem-espectáculo" que conheceu nas Belas Artes do Porto. "[Nadir] era particular. Hoje com a banalização do 'personagem artístico' e das suas diferentes aplicações na sociedade contemporânea, tudo está mais classificável. Nós não nos admiramos com o fenómeno Joana Vasconcelos, por exemplo, mas admirávamo-nos com o fenómeno Nadir Afonso, nesses anos, em que durava a Segunda Guerra Mundial", afirmou Pomar, de 87 anos.



Em entrevista ao PÚBLICO, em 2009, Nadir Afonso diria: "Para compreender o mecanismo da criação é preciso ser muito inteligente, está muito bem... [esboça um sorriso mordaz]. Mas se o indivíduo não manipula as formas, se não dá prática efectiva ao pensamento, não consegue compreendê-la. A obra de arte é regida por leis que são apenas apreendidas pela intuição sensível e, isto é muito importante, só quem trabalha as formas, quem desenvolve a sua intuição perceptiva compreende o mecanismo da criação. A intuição desenvolve-se com o trabalho."
Em 2010 visite uma exposição dele em Tomar e apaixonei-me pela sua obra.
Em Tomar, na Galeria dos paços do Concelho, na praça da República, visitei a nova exposição de Nadir Afonso, que apresenta obras presentes no núcleo de Arte Contemporânea, do Museu Municipal Joao de Castilho.
Actualmente podemos encontrar o seu trabalho representado em vários museus em Lisboa, Porto, Rio de Janeiro, São Paulo, Budapeste, Paris, Berlim, entre muitos outros.

Uma oportunidade única de vir ver um dos expoentes maiores do seu tempo. 
Paz à sua alma!
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