«Cinco século de presença romana valem a Braga o epíteto de Roma portuguesa. A herança do Império está um pouco por toda a cidade, que tem tentado aprender o que fazer com ela. No final deste mês é inaugurado um novo centro comercial que vai integrar dois núcleos de achados arqueológicos, uma solução que tem vindo a ser adoptada por cada vez mais investidores. Mas os romanos ainda não são uma arma turística, e podiam ser, alertam os especialistas, que defendem uma maior articulação entre as instituições.

Para captar visitantes, há sete anos, a autarquia criou a Braga Romana, uma feira de época que se realiza na Primavera e, no ano passado, lançou os guias móveis, um dispositivo informático que orienta os turistas pelas ruas da cidade, onde incluiu um roteiro romano por espaços emblemáticos como as Termas da Cividade ou a Fonte do Ídolo. 

O Barroco continua, porém, a ser o seu principal cartão-de-visita.

"Objectivamente, Braga não tem sabido aproveitar a presença romana", critica Luís Fontes, um dos responsáveis da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM), uma espécie de guardiã da herança do Império na cidade. "Não é admissível que as visitas em alguns locais aconteçam apenas por marcação prévia. Um turista quer chegar, entrar e ver", sustenta. "Falta uma maior articulação entre as instituições", reitera o investigador.
A fonte do Ídolo em Braga - A Doutora Manuela Martins (foi minha professora na Universidade do Minho) admite que este monumento esteja ligado a cultos aquáticos e da fertilidade.






O papel da Câmara de Braga na preservação da presença do Império de Roma na cidade estende-se também à reabilitação urbana. O gabinete municipal de arqueologia avalia todos os pedidos de licenciamento de obras no centro da cidade antes da equipa técnica do Urbanismo. Essa primeira apreciação permite antecipar problemas suscitados por eventuais achados. Mas esta não é uma ciência exacta e as sondagens prévias - que nesta zona são obrigatórias para todas as intervenções - às vezes trazem surpresas, como no caso da recuperação da antiga escola primária da Sé, transformada em sede de junta de freguesia há um ano. As obras permitiram identificar um edifício privado do século I, que manteve ocupação até ao século V, bem como restos dos alicerces da muralha medieval da cidade. Os vestígios foram preservados e podem agora ser visitados, criando um novo local de interesse em Braga.»
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