sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Diogo Alves - o assassino do Aqueduto das Águas Livres

O "SERIAL KILLER"... do AQUEDUTO das ÁGUAS LIVRES
 O Aqueduto das Águas Livres 
visto do vale de Alcântara 
 Lisboa


DIOGO ALVES, galego nascido em 1810, conhecido pela alcunha de "O Pancada", veio muito novo para Lisboa, onde serviu em algumas casas mais abastadas da época, e ficou para a história como o assassino do Aqueduto das Águas Livres, pois foi aí que, ao longo de três anos, perpetrou os crimes em série que o tornaram tão odioso como célebre.

Sabe-se que os assassinatos começaram em 1836, por volta da mesma altura em que Diogo Alves se envolveu amorosamente com a taberneira Gertrudes Maria (conhecida como a Parreirinha), cujo estabelecimento se situava na zona de Palhavã - perto de Sete Rios.

No entanto, desconhece-se ao certo como terá o meliante arranjado as chaves falsas das «mães de água», por onde depois se introduzia nas galerias do aqueduto, praticando assaltos e atirando as suas vítimas do topo do Arco Grande , a 65 metros de altura, para que não pudessem denunciá-lo.
Apesar de algumas fontes avançarem que, em 1837, Diogo Alves já teria morto mais de setenta pessoas, também não há certezas quanto ao total exacto de vítimas, já que as autoridades começaram por atribuir a invulgar sucessão de corpos encontrados no vale de Alcântara a uma onda de suicídios.

A passagem do aqueduto encurtava caminho à maioria dos transeuntes que, na sua maior parte, eram negociantes de hortaliças - os chamados saloios -, que se deslocavam a Lisboa para vender os seus produtos e regressavam a casa com o dinheiro das vendas.

Mais tarde, devido à agitação causada por tantas mortes, o aqueduto foi fechado à passagem de peões e assim se manteve durante décadas. Obrigado a mudar de esquema, Diogo Alves formou uma quadrilha e prosseguiu a sua carreira criminosa, acabando por ser preso e condenado à morte, em 1840, embora não pelos crimes cometidos no aqueduto (os quais não constam no processo): foi o massacre da família de um médico, durante um assalto em que se fizera acompanhar pelos seus cúmplices, que o levou à forca.

Foi executado na tarde de 19 de Fevereiro de 1841, no Cais do Tojo, o que lhe garantiu o privilégio de figurar como o último condenado à morte em Portugal.


 Cabeça de Diogo Alves conservada em formol 
exposta na Faculdade de Medicina 
de 
Lisboa


Após o enforcamento, cientistas de Lisboa deceparam a cabeça do bandido, com o intuito de estudarem as possíveis causas da sua malvadez - ao que se sabe, sem resultados. A cabeça, essa ainda existe, conservada em formol na Faculdade de Medicina de Lisboa.

A história do assassino do aqueduto deu origem a um filme mudo, «Os Crimes de Diogo Alves»



Cena do filme sobre a vida do Serial Killer 
Diogo Alves



Estreado com grande publicidade no Salão da Trindade, a 26 de Abril de 1911, dois anos após o abandono de um primeiro projecto cinematográfico com o mesmo título.

Rodado ao longo de três semanas no Aqueduto das Águas Livres e no Hipódromo do Bom Sucesso, a película de 287 metros foi um sucesso de bilheteira e é hoje o mais antigo filme português de ficção - baseado na realidade -, com cópia conservada.

Constam os registos de ter sido realizado por João Tavares e interpretado por Alfredo de Sousa (Diogo Alves), Amélia Soares (Parreirinha), Gertrudes Lima (criança testemunhadora), José Clímaco, Narciso Vaz e Artur Braga (membros da quadrilha) ; alguns destes, figuram na foto acima publicada. 

O filme custou 200 mil réis - que representavam ao câmbio de hoje, cerca de 2.500 euros.

Muito embora na história oficial - nossa fonte para este texto - conste que o julgamento não abordou nenhum crime ocorrido no aqueduto, tivémos acesso a um pequeno relato após a prisão de Diogo Alves, em que alguém, com poderes forenses, terá perguntado ao bandido se nunca teve pena de lançar as pessoas lá do alto do aqueduto, para a morte! 

Terá ouvido, a seguinte confissão: " Só de uma! Uma criança que tive de matar, para que não falasse!... Antes de a largar  para a queda da morte, a criança sorriu ingenuamente para mim, e eu senti pena!"
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