terça-feira, 29 de julho de 2014

O SOLDADO MILHÕES, Aníbal Augusto Milhais, um herói da I GUERRA MUNDIAL




Aníbal Augusto Milhais nasceu em Valongo, concelho de Murça, em Trás-os-Montes. Filho de agricultores e ele próprio agricultor durante toda a vida, com excepção do tempo em que esteve na guerra.
Chegada a hora da tropa foi incorporado no Regimento de Bragança e mais tarde no de Chaves. Em 1917 partiu para a frente de combate. Um ano depois, chegava o "grande momento", o da Batalha de La Lys, na Flandres. O dia preciso: 9 de Abril.
Rezam as crónicas que uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A nossa força chegou a ser destroçada e a situação era «a pior possível». Muitos portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar. 
O soldado Milhais viu-se sozinho numa trincheira e, então, ergue-se, de metralhadora Lotz em punho, e varreu uma coluna de alemães que vinham em motocicletas. Terá feito o mesmo ás colunas de "boches" que entretanto surgiram. Parece que os alemães terão julgado que, em vez de um camponês sozinho, enfrentavam um fortíssimo regimento de portugueses e ingleses.
O acto isolado deste soldado permitiu aos aliados tomar posição trinta e tal quilómetros mais atrás. Milhais, esse, continuou sozinho, a vaguear pelos campos, tendo apenas «amêndoas doces» para comer. Reza também a história que salvou um grupo de escoceses de serem capturados, disparando sobre os alemães que os perseguiam.
Quatro dias depois da batalha, encontrou um médico escocês que salvou de morrer afogado num pântano. Foi este médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército aliado dos feitos do soldado transmontano. Chegado ao acampamento, Milhais foi efusivamente abraçado pelo seu comandante (General Tamagnini): «Tu és Milhais, mas vales milhões».
Por causa desse feito Milhões recebeu a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, em Isberg. 
Perante o soldado, que, no fundo, era apenas um homem simples e grande contador de histórias, desfilaram «em continência» 15 mil soldados aliados.
Depois de terminada a guerra, o soldado recebeu outras condecorações portuguesas e estrangeiras. 
«(...) Nesta guerra com milhões de mortos, não haveria lugar ao culto do heroísmo individual (ao 
culto da personalidade), daí a poderoso liturgia cívica europeia colectiva ao soldado Desconhecido, que a «Pátria» coroará nos vários monumentos aos mortos da Grande Guerra. 
Contudo, em Portugal, deve relevar-se dentro do imaginário «guerrista» o heroísmo do soldado «Milhões», condecorado com a 4ª classe da Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, que será sujeito a apropriações míticas, rosto concreto das «horas de provação» da batalha de La Lys, finda a qual, os portugueses, «num cortejo de silêncio e tristeza, [...] vão como sonâmbulos [...]» 
(Augusto Casimiro, Cálvários da Flandres). 




(...) « A verdade é que a maior parte dos seus descendentes adoptou o apelido Milhões, como Leonida, a neta que vai, connosco, relembrar o célebre soldado da Primeira Grande Guerra Mundial. 
Leonida, que vive com as suas filhas na Guarda, prefere recordar o avô e não tanto o herói: «Ele era a pessoa com quem a gente brincava e acima de tudo era um amigo».«Era um homem de grandes valores, um homem de palavra e com grande sentido de justiça», recorda a neta. Sempre bem disposto: «Mesmo nos piores momentos, ele conseguia transmitir coragem». Milhões morreu quando Leonida tinha 17 anos mas ela lembra-se bem que o avô era um homem muito simples e bem disposto, capaz de contar uma boa história.» 
Fonte:
http://historia-dos-tempos.blogspot.pt/2009/04/anibal-augusto-milhais.html



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