sábado, 12 de julho de 2014

A reinvenção do 'graffiti' segundo Vhils

Vhils ao lado de algumas obras feitas a partir de cartazes
Habituado a trabalhar fora de portas, em espaços abandonados, arruinados ou em vias de destruição, Vhils (nome artístico de Alexandre Farto) aceitou o desafio de criar uma exposição no Museu da Eletricidade, em Lisboa, mas fê-lo trazendo não só o seu trabalho mas a própria cidade para dentro do museu. Traz os cartazes que habitualmente encontramos afixados nas paredes, portas de madeira, placas de ferro, a evocação dos "ruídos da urbe" e das luzes do néon, e até uma carruagem do metro, completamente desmontada, mostrando os seus vários componentes numa obra que se chama "Dissecação", que é também o título da exposição que inaugura hoje.
"Pensámos muito no título da exposição e discutimos a ideia de autópsia, de abrir um corpo para ver os seus órgãos. Até chegámos a falar com um médico especialista em autópsias. E chegámos a esta ideia de "dissecação"", explica o comissário João Pinharanda.
O artista, de 27 anos, começou a fazer graffitis com 13 anos, com um grupo de amigos da Margem Sul. "Não tenho vergonha de assumir isso, foi muito importante. Foi quase a minha escola e foi também um processo de consciencialização do espaço e do que queria fazer. Comecei por fazer graffiti com amigos e estive muito tempo nesse circuito."
Vhils era o seu tag, ou seja, a sua assinatura. "Eram as letras mais rápidas que eu conseguia fazer. A ideia era assinar o trabalho mas não ser identificado. A palavra em si não tem nenhum significado, não significa nada em língua nenhuma, o que acabou por ser uma sorte", diz. Depois, quando começou a fazer outro tipo de peças, começou a assiná-las como Alexandre Farto. "Inicialmente era uma forma de distinguir o trabalho em graffiti do trabalho indoor. O nome de rua dava-me alguma independência para trabalhar noutras coisas. Mas as coisas foram-se misturando. Hoje em dia já não há essa separação."
"A certa altura, percebi que o graffiti se fecha bastante em si próprio e quis explorar outros caminhos", lembra. Vhils continua a desenhar e a fotografar mas hoje em dia é como um escultor que escava os materiais para inscrever/revelar imagens: "Os conceitos estão lá, mas estão escondidos. Às vezes basta uma faísca para os pôr à mostra", diz.
Fonte:
http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=4008300&seccao=Artes Pl%E1sticas

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