sexta-feira, 14 de março de 2014

O Texto Dramático - Estrutura e Conceitos


O Texto Dramático


 

 

O texto dramático, criado pelo dramaturgo, tem como finalidade última ser representado, passando, então, a texto teatral. Quando se representa o texto dramático, a ação desenvolve-se num palco, diante de espetadores, o papel das personagens é desempenhado pelos atores e o espaço da ação é criado pelo cenário.

 

 

Categorias ou Elementos do Texto Dramático


 


1. Ação – desenrolar dos acontecimentos, através do diálogo e da movimentação das personagens.

            Estrutura Interna

      - Exposição (introdução): apresentação das personagens e dos antecedentes da ação.

 



                            - Conflito (desenvolvimento): sucessão dos acontecimentos que constituem a ação teatral.

 

                          - Desenlace (conclusão): desenlace da ação.
 

 Estrutura Externa


                            - Ato: grande divisão do texto dramático, que decorre num mesmo espaço.
                            Mudança de ato - corresponde à alteração de espaço/cenário.   

 

                            - Cena: divisão do ato determinada pela entrada ou saída de personagens.
                            Mudança de cena - corresponde à entrada ou saída de uma ou mais personagens.

 

 

2. Personagens – agentes da ação.

   

 


    - principal ou protagonista: desempenha o papel de maior importância.

    - secundária: desempenha papéis de menor relevo.

    - figurante: não desempenha qualquer papel específico, embora a sua presença física seja importante para a compreensão da ação.

 





3. Espaço: local onde decorre a ação. No texto teatral, corresponde ao espaço de representação.

 

4. Tempo: momento em que decorre a ação.

 

 

Modalidades do Texto Dramático

 

 

1. Texto Principal: discurso dramático – é constituído pelas falas das personagens, que se podem apresentar sob a forma de diálogo, monólogo ou aparte.

- Diálogo: é o modo de expressão privilegiado do texto dramático.

 

Discurso  - Monólogo: a personagem fala sozinha, para si própria, a fim de atingir um objetivo determinado.

 

                   - Aparte: a personagem fala para o lado ou dirige-se aos espetadores.

 

 


2. Texto Secundário: constituído pelas didascálias ou indicações cénicas, informações imprescindíveis, escritas em itálico e entre parênteses, que têm por finalidade dar a conhecer os traços físicos ou psicológicos das diferentes personagens e informar sobre o cenário e os movimentos dos atores em cena. As didascálias podem dar indicações sobre: os cenários, o guarda-roupa, os efeitos especiais (música, som, iluminação, etc.), a caracterização, movimentação e atitudes das personagens.

Principais Diferenças Entre o

Texto Dramático e o Texto Narrativo

 

 

 

Dramático

Narrativo

® O narrador desaparece: as personagens manifestam as suas ideias, os seus sentimentos, o seu lugar na ação, agindo diretamente diante do espetador;

® O tempo é curto;

®  A ação é rápida e linear;
®  Apenas nos são apresentados os acontecimentos essenciais ao desenvolvimento da ação (não há episódios secundários);
®  A ação apresenta-se como atual para o espetador (presente);
®  Só há personagens indispensáveis;
®  O espetador vê as personagens desempenhadas pelos atores e os lugares;
®  O espetador assiste com os outros à representação e a reação é coletiva;
®  Tem didascálias em vez de descrições;
®  Escrito no discurso direto: utilizam-se mais frequentemente as 1.ª e 2.ª pessoas (eu/tu);
®  Divide-se em atos e cenas;
®  Os modos de apresentação são: o diálogo, o monólogo e os apartes;
®  Texto escrito por um dramaturgo para ser lido e dramatizado (representado).

¨ Há um narrador, que pode ser participante ou não participante;

¨ O tempo é muitas vezes longo;

¨ A ação é normalmente lenta e complexa;
¨ A ação é normalmente lenta e complexa;
¨ Pode haver episódios ou factos relativamente independentes;
¨ A ação é passada, para o leitor;
¨ Há normalmente muitas personagens;
¨ O leitor imagina as personagens e os lugares de acordo com o que lê;
¨ O leitor lê sozinho e a sua reação é pessoal;
¨ Escrito no discurso indireto com recurso, por vezes, ao discurso direto;
¨ Os modos de apresentação são: a narração, a descrição, o diálogo e o monólogo;
¨ Texto escrito por um autor para ser lido.

 

Breve História do Teatro

O Homem sentiu desde sempre necessidade de exteriorizar os seus sentimentos e as suas sensações. Deste facto nasceram os atos lúdicos e a dança. Da mesma forma, o Homem começou a acreditar que tinha um espírito que sobrevivia à morte do corpo. E nasceram os sacrifícios, rituais em honra dos mortos e dos deuses.

A história do teatro remonta, assim, ao drama ritualístico religioso, no Egito, em 3200 a.C., embora já na Pré-História houvesse teatro sob a forma de danças guerreiras e/ou mágicas que se ofereciam aos deuses. Às divindades egípcias Osíris e Hórus foram consagrados espetáculos com atores e coro.   

Mas é das celebrações em honra de Dioniso, filho de Zeus, na Grécia, que surgirá o verdadeiro teatro. Nas praças de Ática, reunia-se em cada ano uma pequena multidão para participar na narração do suplício do deus que a mitologia diz ter sido assassinado pelos seus inimigos e ressuscitado pelo seu pai. Rapidamente, o recitante desta lenda se tornou em ator. E da narração da lenda dionisíaca passou-se a outras narrações de factos da história da Grécia, ligados às forças divinas, num conflito entre o Homem e os deuses. Tal conflito gera a tragédia, dominada pela fatalidade a que os homens não podem fugir.

Os primeiros teatros europeus de que há conhecimento foram construídos na Grécia, a partir de cerca de 600 a.C. Os teatros mais antigos eram anfiteatros naturais. No período helenístico, desenvolveu-se o palco como plataforma elevada na qual decorria a ação. Na época medieval, eram montados palcos temporários de madeira e lona, um para cada cena, em igrejas e nas praças do mercado, para a apresentação de mimos e peças religiosas. Com o Renascimento surgiu a criação da ilusão cénica, em que os atores surgiam num proscénio junto à ribalta. No século XIX, a introdução da cortina e da iluminação interior contribuíram para aumentar ainda mais esta ilusão. No século XX, foram desenvolvidas modalidades alternativas de teatro, incluindo o palco aberto, o palco móvel, o teatro rotativo e o teatro estúdio.    

As origens religiosas do teatro fizeram com que os primeiros recintos de que há conhecimento fossem construídos em locais sagrados, muito próximos dos templos. Por exemplo, no início do teatro grego, as peças eram representadas em teatros localizados numa encosta, com uma área de representação aberta e claramente visível para a vasta multidão de espetadores.

Hoje em dia o teatro tem sido, até agora, um local de experiências e inovações, tanto no que respeita a métodos e encenação como em termos artísticos e intelectuais, coexistindo numerosos estilos.

Gil Vicente foi o criador/pai do teatro português, escrevendo várias obras e apresentando-as nos reinados de D. Manuel e D. João III (séculos XV e XVI). Almeida Garrett, no início do século XIX, pretendeu ressuscitar a tradição teatral vicentina, escrevendo e pondo em cena diversos textos dramáticos seus e de outrem.

 

Glossário de Teatro

 
Faz a correspondência entre a coluna da esquerda e a da direita.
 

 
 
 
1. Ação
 
2. Ato
 
3. Ator
 
4. Aderecista
 
5. Adereços
 
6. Aparte
 
7. Bastidores
 
8. Cena
 
9. Cenário
 
10. Cenógrafo
 
11. Comédia
 
12. Contracenar
 
13. Contrarregra
 
14. Deixa
 
15. Didascália
 
16. Dramatizar
 
17. Dramaturgo
 
18. Encenador
 
19. Ensaio
 
20. Figurinista
 
21. Guarda-Roupa
 
22. Luminotécnico
 
23. Palco
 
24. Papel
 
25. Peça
 
26. Ponto
 
27. Público
 
28. Sonoplasta
 
29. Teatro
 
30. Tragédia
 
 
a) Subdivisão de um ato. Em cada cena, sai uma personagem ou entra outra.
b) Indicação cénica que se refere à caracterização (atitudes) das personagens em vários momentos da peça, à sua movimentação em cena (entrada, saída, etc.), aos lugares em que se passa a história e ao tempo em que ela decorre.
c) O responsável pela iluminação, pelo efeito das luzes em cena.
d) Lugar onde decorre a ação. O cenário pode ser construído em tela ou em outros materiais e situa o espetador na época e no lugar em que a história se passa.
e) Palavra ou palavras do fim da fala de uma personagem, que determinam quando a outra personagem deve iniciar o seu discurso ou a sua fala.
f) Assunto, enredo, intriga, história(s) de uma peça de teatro.
g) Responsável pela criação/execução dos cenários.
h) Pessoa que, durante a peça e escondida do público, lê o texto, em voz baixa, aos atores quando eles se esquecem das suas falas.
i) Cada uma das divisões de uma peça de teatro, que exige mudança de cenário, feita durante o intervalo.
j) Parte do teatro onde os atores representam.
k) Conjunto de trajes que são pertença de uma companhia de teatro para desempenho dos atores em diferentes peças.
l) Aquele que marca a entrada dos atores em cena.
m) Espaços por detrás e ao lado do palco, fora da vista dos espetadores, onde os atores esperam pela sua entrada e onde se guardam os adereços e outros materiais.
n) Lugar onde se representam peças de teatro; conjunto das obras dramáticas de um autor ou de um país; arte de representar; profissão de ator ou de atriz; fingimento.
o) Aquele que representa uma ou mais personagens numa peça de teatro.
p) Técnico de teatro que se ocupa dos modelos, dos figurinos (vestuário, maquilhagem, penteado e outros complementos).
q) Aquele que idealiza o espetáculo teatral, dirigindo os atores nos seus papéis, levando à cena um texto original ou a adaptação de um original.
r) Representar em contracena. Contracena significa estar fora da cena principal. Enquanto algumas personagens dialogam realmente, outras, em contracena, fingem dialogar para atingir determinado objetivo.
s) Parte da peça teatral que compete a cada ator desempenhar.
t) Pessoa responsável pela seleção e execução dos efeitos acústicos que constituem o fundo sonoro de uma peça de teatro.
u) Falas de uma personagem que, segundo as convenções (regras) teatrais, se destinam a ser ouvidas pelo público e não pelas outras personagens.
v) Pessoas que assistem à representação de uma peça de teatro.
w) Autor de peças.
x) Texto que serve de base à representação.
y) Peça de teatro cujo tema é geralmente extraído da lenda ou da história, que põe em cena personagens ilustres e representa uma ação destinada a suscitar o terror ou a piedade pelo espetáculo das paixões e das catástrofes que elas provocam.
z) Pessoa responsável pelos adereços, num teatro.
aa) Adequar um texto a uma representação teatral.
bb) Sessão de trabalho, conduzida pelo encenador, com tempo variável de duração, que tem como objetivo principal o trabalho de interpretação dos atores.
cc) Elementos do cenário, do guarda-roupa, na encenação de uma peça de teatro.
dd) Peça de teatro de crítica social. O seu objetivo é fazer rir o espetador.

Sem comentários:

Enviar um comentário